quinta-feira, 31 de maio de 2012

Rio+Social e faz-te ouvir

Op op! Está quase aí!

Dia 19 de junho, irá decorrer um dos mais importantes eventos globais sobre tecnologia, social media e sustentabilidade. Apresento-te o Rio+Social, que pretende por todo o mundo falar globalmente e a desenvolver em conjunto soluções mais sustentáveis, aproveitando a ocasião criada pela Conferência Rio + 20 das Nações Unidas. 
As novas tecnologias da era digital alteraram completamente o modo como partilhamos informação, como nos manifestamos e abraçamos novas causas. Os exemplos já são mais que muitos, desde a Primavera Árabe às inúmeras campanhas promovidas por ONG's. O Rio+Social pretende por isso usar as redes sociais para um bem comum e convida-te a participar! Visita a página do Facebook ou o site e faz ouvir a tua voz.
É uma iniciativa conjunta da Fundação das Nações Unidas, Mashable, 92nd Street Y, Ericsson, EDP, Planeta Sustentável e LiveAD e vai contar com a presença de conferenciantes tão distintos como a Dra. Brundtland, Hans Vestberg  (Ericsson), Ted Turner (UN Foundation), Fabien Cousteau ou o nosso António Mexia.
O Rio+Social és tu também! Vai-te a eles!

terça-feira, 29 de maio de 2012

A Europa e os biocombustíveis - erro de cálculo

Tudo começou quando a União Europeia decidiu assumir o compromisso na sua política de transportes de aumentar a proveniência de energia de fontes renováveis. Este compromisso, assente na crença de que a revolução tecnológica multiplicaria rapidamente os veículos movidos a energia eólica e solar, teve de ser repensado e redireccionado para o recurso aos biocombustíveis, por forma a conseguir cumprir os objetivos inicialmente propostos.
Mas, na verdade, o que se multiplica agora são as críticas, tanto da comunidade científica, como das ONG's, que acusam o recurso aos biocombustíveis de ser o responsável pelo aumento dos preços mundiais dos produtos alimentares. Além do impacto negativo na biodiversidade, pela exploração exaustiva das terras e o recurso a pesticidas e adubos artificiais.
O propósito da política europeia era de que os biocombustíveis reduzissem em 35% as emissões de gases com efeitos de estufa. E a plantação da matéria prima para a produção de biocombustíveis em terreno europeu, tal como é legislada actualmente, fez com que reduzissemos as nossas emissões, é certo.
Errado é que a produção de óleos alimentares em terreno europeu, e que anteriormente satisfazia as nossas necessidades, tenha sido deslocalizada. Ou seja, agora temos de importar óleos vegetais de enormes plantações na Malásia e da Indonésia, destruindo florestas virgens e zonas pantanosas. A isto se chama o uso indirecto da terra. Ou seja, todas as emissões indirectas provenientes desta mudança de origem dos óleos alimentares que consumimos, têm um enormíssimo impacto negativo no ambiente. Muito, mas muito superior ao uso do petróleo tradicional. E esta, hein?
Além de que a necessidade de biocombustível e, consequentemente, de óleos alimentares por parte dos países mais desenvolvidos tem graves impactos na segurança alimentar mundial, como já foi referido acima, pelo aumento dos preços.
A Comissão Europeia está a analisar este assunto e neste Verão será apresentada uma proposta no sentido de incluir as emissões indirectas na legislação.
Os biocombustíveis são mais uma prova de como é difícil encontrar uma saída para a crise ambiental que vivemos.






 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Turismo sustentável à medida

Agora que já começa a apetecer uns diazinhos de descanso e que o "Verão" se começa a vislumbrar (ou não!), que tal começares a preparar as tuas férias?
Para te ajudar nesta busca idílica, o SUSTENTA-TE apresenta a Nature and Portugal, que te leva a conhecer Portugal de lés a lés de uma forma mais sustentável.
Porque Portugal não só os pontos turísticos habituais e existe muito mais por descobrir, a descentralização e as viagens diferentes do habitual fazem parte das suas sugestões. Podes também aproveitar para conhecer melhor a natureza e aprender a preservá-la em extasiantes paisagens naturais.
Além disso, todos os itinerários sugeridos são concebidos por forma a terem a menor pegada carbónica possível, causando assim menor impacto. O comércio local é também amplamente promovido para que possas contribuir de forma justa para a economia local.

Basta registares-te no site e eles entram em contacto contigo e tratam de tudo para que tu possas até nas tuas férias tratar deste planeta que é a nossa casa.

Há tanto para ver... "Em Portugal temos sardinhas, fado, cegonhas que nidificam sobre o mar, sobreiros, castelos com mais de 900 anos, comida como não há outra, a mais antiga região demarcada de vinhos do mundo, os Açores e sorrisos em cada face de todo um povo!"


Não sabes onde ir? Inspira-te aqui:

 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Think blue, drive green

A Volkswagen delineou a estratégia Think Blue que reúne todas as iniciativas ambientais da marca. Esta estratégia, que põe em evidência os principais valores da marca Volkswagen (produzir automóveis inovadores, sublimes e responsáveis), pretende responder ao desafio da mobilidade sustentável, um caminho que a Volkswagen pretende continuar a liderar.
Foi neste âmbito que a Volkswagen reuniu uma série de dicas para conduzir de forma mais eficiente e assim poupar combustível:

1. Conduz com calma e poupa.
Conduzir de forma relaxada é o primeiro passo para poupar combustível.

tip 01 150x150 Conducción eficiente para reducir la huella de CO2

Conduzir de forma agressiva, acelerar a fundo e mudar de faixa, além de criar tensão no condutor, aumenta o consumo de combustível.  Porém, quando manténs a calma, travas pouco e aproveitas o impulso do teu carro, poupas combustível e a tua viagem será mais agradável. A isto chama-se um estilo de condução moderna e responsável.

2. Saber usar a caixa de mudanças é igual a saber poupar.

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Conduz com a mudança mais alta possível.
Quando arrancares, passa rapidamente para segunda e logo que puderes, para terceira. E quando o trânsito o permita, muda para a mudança mais alta possível. Sempre que o som do motor for suave e o carro não dê puxões. Com isto, reduzes consideravelmente as emissões acústicas e o consumo de combustível.
Se conduzires um carro de mudanças automáticas, evita o movimento constante dos teus pés nos pedais e levanta o pé levemente do acelerador. A caixa automática passará para a mudança mais alta e pouparás combustível.

3. Avança sem acelerar.

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Aproveita o impulso do teu carro.
Aproveita o corte do combustível na desaceleração. Se deixas que o carro traccione com a mudança engatada, em descidas ou ao aproximares-te de um semáforo, conseguirás um consumo de 0,0 l/100 km, ou seja, não gastas nem uma gota. Também consumirás menos combustível levantando o pé da embraiagem e deixando que o carro aproveite o seu próprio impulso em percursos mais longos.

4. Mais conforto implica mais consumo.

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Usa o equipamento com moderação.
O equipamento faz com que as viagens sejam mais confortáveis, mas se o utilizas em excesso, consumes até 2l /100 km. Um conselho: areja o carro antes de o colocar em marcha, circulando com as janelas abertas e deixando que o calor saia.
O aquecimento também consume, por isso usa-o apenas quando necessário.
Comprovar durante o trajecto se os equipamentos que estão a funcionar são os necessários pode ter repercussões no teu bolso.

5. Poupa combustível antes de arrancar.

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Verifica de tempos a tempos a pressão dos teus pneus.
A sua resistência pode significar até 15% do consumo total de combustível. Se os pneus estão cheios com a pressão correcta (os números encontram-se na tampa do depósito de combustível), a resistência será inferior e por conseguinte, o consumo também.
Comprar pneus de baixa resistência confere uma poupança adicional de 3% de combustível.

6. Um motor frio consome mais.

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Evita usar o carro para viagens curtas.
O teu motor usa a maior parte do combustível quando está frio. Isto quere dizer que se tens que fazer viagens muito curtas, e o motor não chega a aquecer, o consumo de combustível poderia ser tão alto como 30 l/100km.
Planeia as tuas saídas de maneira que possas tratar de várias coisas numa só viagem. Neste caso, o motor terá maior possibilidade de alcançar a temperatura de funcionamiento ideal e consumirá muito menos combustível.
7. Um motor bem lubrificado produz menos emissões.

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Usa óleo de baixa viscosidade.
Quanto antes se lubrificar um motor, mais cedo funciona produZindo menos emissões. Por isso utilizar um bom óleo de motor facilita que este se distribua mais rapidamente. E isto é especialmente importante em arranques a frio e em trajectos curtos.
Controla que o nível de óleo esteja correcto, respeita os intervalos de mudança do mesmo e utiliza estas recomendações.

8. Mantém o teu carro leve.

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Evita usar acessórios que reduzam a aerodinâmica.
A correcta aerodinâmica de um veículo proporciona um consumo reduzido, especialmente em velocidades mais rápidas.
Um aumento de 33% da resistência aerodinâmica aumenta o consumo de combustível até 2 l/100 km a 120 km/h. Por isso, o melhor é que acessórios como porta-esquis, porta-bicicletas ou outros se utilizem apenas quando for necessário.

9. Evita peso desnecessário.

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Viaja com o mínimo de bagagem.
Cada kilo de bagagem, custa combustível: 100 kg aumentam o consumo até 0,3 l/100 km. Verifica o porta-bagagem e certifica-te que não carregas coisas desnecessárias. Controlar a bagagem em viagens grandes, também ajuda a poupar combustível.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Nova campanha do Banco Alimentar

No fim-de-semana de 26 e 27 de Maio, haverá uma nova campanha de recolha de alimentos promovida pelos Bancos Alimentares Contra a Fome em superfícies comerciais e na Internet.

Numa época em que muitas famílias portuguesas se encontram em dificuldades, a partilha e a solidariedade são mais do que nunca necessárias. Os desempregados, os idosos, as crianças e as famílias desestruturadas são os grupos mais atingidos pela crise e pela situação de forte agravamento da situação económica que se vive em Portugal. O número de pedidos de apoio não pára de aumentar e mais do que nunca é necessário a contribuição de todos nós. 
A necessidade pode estar mesmo ao nosso lado, tal como demonstra o novo anúncio para a campanha de recolha de alimentos.
Está atento, sê solidário e participa nesta ação. Podes fazê-lo através da doação de produtos alimentares ou como voluntário.
O que faz falta é ajudar a malta!


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cascais é (mesmo) demais!

Cascais ficou em primeiro lugar no índice das Cidades Inteligentes, segundo os resultados divulgados a 3 de Maio na Conferência Internacional Cidades Inteligentes para o Crescimento Sustentável, no Museu da Electricidade em Lisboa. Esta Conferência foi organizada pela Inteli - Inteligência em Inovação e pela Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, em parceria com o Ecologic Institute (Alemanha), com o objetivo de selecionar a melhor cidade do projeto Rener - Renewable Energy Living Lab.
Cascais é assim líder no grau de inteligência urbana, fruto das boas práticas levadas a cabo no âmbito da sustentabilidade, como a mobilidade eléctrica e a regeneração de edifícios.

Através da sua Agenda 21,  Cascais envolve os munícipes, com sessões de participação pública e o mais recente orçamento participativo. É neste contexto que foram criados programas de formação às Associações de Munícipes, o programa Hortas de Cascais, o ECO XXI (desenvolvido pela Associação Bandeira Azul da Europa), o Plano Estratégico face às Alterações Climáticas e o Pensar Global, Agir Local.



Em termos de educação e sensibilização ambiental desenvolve também uma série de projetos dentro e fora das escolas, sobre os mais diversos temas, desde a poupança energética, conservação dos recursos costeiros, defesa da Natureza e da biodiversidade, entre outros.


A própria Câmara desenvolve projetos que a levem, enquanto entidade pública, a diminuir os seus consumos energéticos, nomeadamente ao nível dos edifícios e equipamentos municipais, frota automóvel, iluminação e compras públicas.

Conhecidas são já há muitos anos as Bicas de Cascais, bicicletas gratuitas disponíveis em vários pontos para que os munícipes e visitantes possam percorrer a cidade inteira de bicicleta.

E atualmente está a ser lançado o novo projeto de reabilitação do Mercado de Cascais, que além da própria reabilitação do espaço, vai criar uma nova marca para promover todos os produtos regionais e comercializá-los não só neste espaço, como também na Mercearia da Vila.



Enfim, toda uma panóplia de projetos que bem merecem este prémio.

Afinal Cascais é (mesmo) demais!

domingo, 13 de maio de 2012

Is something strange happening to this town?

A 15 de maio de 2011, nasceram os "Indignados" no país de nuestros hermanos, tendo-se tornado no movimento social mais importante deste país desde o final do franquismo.
A sua primeira ação foi lançar um apelo em 58 cidades espanholas através das redes sociais para protestar contra a resposta dos políticos à crise. O movimento não violento, não hierarquizado e sem ligações partidárias, apanhou completamente de surpresa o governo.

Alea jacta est...
As manifestações organizadas conseguiram reunir dezenas de milhares de pessoas.
E o rastilho deste movimento rapidamente se incendiou noutros países.

Comemorou-se ontem o seu primeiro aniversário. Um movimento sem nome e sem ligações partidárias, conhecido pelo nome 15-M e que agora se auto-intitula de Primavera Global.
Em Lisboa, reuniram-se cerca de 800 manifestantes que protestaram contra o atual Estado da Nação, gritando palavras contra o FMI, contra o desemprego e contra o Governo.

 

Em Madrid, foram vários milhares que encheram o largo Puertas del Sol...



E em Barcelona, 45.000 pessoas desceram o Passeig de Gràcia...



Em Londres baixou para os 300 participantes...



Mas convenhamos que os ingleses estão bem melhor do que nós...

Será que nem o desemprego, nem os cortes nos subsídios, no apoio social, na cultura, na educação e na saúde, nem as privatizações e a má gestão do governo nos farão nunca demonstrar pacificamente o nosso desagrado e a nossa vontade de mudança?

Parece que já em 1975, o Almirante Pinheiro de Azevedo gritava com razão: "Calma que o povo é sereno! O povo é sereno"

Afinal, is something strange really  happening to this town?


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Primavera Global - 12 de maio

Entre 12 e 15 de Maio, mais de 250 cidades no mundo, pelo menos sete em Portugal - Faro, Évora, Lisboa, Santarém, Porto e Braga - irão juntar-se num amplo conjunto de acções globais para contribuir para a consciencialização colectiva e unidos dar corpo à construção de alternativas ao actual modelo global que ameaça o planeta e o nosso futuro.
A organização Primavera Global PT convida todos a participar nesta acção, para promover  a inclusão e diversidade, liberdade e democracia.
O ano 2011 ficou marcado pelas Primaveras Árabes, pelos protestos da Geração à Rasca, dos movimentos Indignados e Occupy de todo o mundo.
Em 2012, vão sair de novo à rua para exigir que todos sejam parte da solução.
Para dia 12 de Maio, convidam todos a saair à rua para fazer ouvir as vozes da Indignação e Mudança, em Lisboa, entre o Rossio e o Parque Eduardo VII.
E depois, até 15 de Maio, no Parque Eduardo VII, haverá um fórum aberto de discussão de ideias ("A Ideias saem à rua"). Ideias para a defesa de um outro modo de vida, de outro modelo de governação, de defesa do comum e de preservação do planeta.

A Primavera Global está a chegar!
Vamos tomar as Ruas!

A pergunta a colocar é de que servirá esta manifestação, esta demonstração de uma vontade de mudança? Pois pode não servir para nada. Por agora. Não é preciso que sirva para alguma  coisa no imediato. O importante é mostrar que existe uma vontade de algo diferente. De que ainda acreditamos que outro mundo é possível. Pode não ser agora, pode não ser em breve, pode não ser nunca. Mas nós acreditamos que seja possível.

Aproveito assim para relembrar as sábias palavras de Eduardo Galeano:

"Éste es un mundo más bien infame, no es muy alentador el mundo en el que hemos nacido, pero hay otro mundo en la barriga de este mundo esperando.
Es un mundo diferente y de parición difícil, no es fácil que nazca, pero sí es seguro que está latiendo en este mundo.
Y yo lo reconozco en estas acampadas.
Este es el mundo al revés, es un mundo de mierda, pero no es el único posible.
Y cada vez que me asomo a estas concentraciones lindísimas, de gente joven… pienso, no, hay otro mundo que nos espera y son los jóvenes los que los llevan adelante, esos jóvenes despreciados por las elecciones regidas por el interés de los partidos políticos donde los jóvenes no votan."


terça-feira, 8 de maio de 2012

Lisboa sem reservas

Numa época de crise, o importante é valorizar o que é nacional. E para nos mostrar isso mesmo ninguém melhor que Anthony Bourdain e o seu programa televisivo "No Reservations". Ele veio pela primeira vez a Lisboa para nos mostrar o que temos de melhor. O que é nosso. Porque Lisboa é uma cidade sem reservas.
Atravessando a capital, falando sobre o passado colonial e fascista e sobre o futuro. Tudo à volta da mesa.
Numa época em que se fala tanto em consumo responsável, vemos neste episódio o que o país produz de bom: peixe, marisco, azeite, enchidos, carne, queijo, vinho. Afinal o que é nacional é mesmo bom. Nada como uma ida ao mercado para poder adquirir todos os melhores produtos nacionais, comprados diretamente aos produtores. Uma prática bastante comum noutros países, e pouco comum em Portugal. Muito se compra nos supermercados, produtos estrangeiros e que nem sabemos de onde vêm exactamente.
Porque não aproveitas o teu sábado para fazer as compras no mercado mais próximo da tua casa? Uma manhã no mercado pode ser o teu melhor programa semanal. A comprar o que temos de bom. E como diz Tozé Brito, muito do que produzimos é apenas para consumo nacional, pois nem sequer produzimos o suficiente para exportar.
Fala-se ainda dos efeitos nefastos que as políticas europeias tiveram na agricultura nacional. No que nos pagaram para deixarmos de produzir.
Temos por isso de aproveitar o que ainda temos de bom. Não só a nível gastronómico, mas também a nível cultural. Enraizarmos na nossa tradição do fado e da música popular, sem perder o que se anda a fazer de novo e de original.
A não perder!

domingo, 6 de maio de 2012

Kirchner e Repsol - afinal, quem saqueou quem?

Muito se tem falado na expropriação de 51% da empresa petrolífera YPF à espanhola Repsol, por parte do governo argentino.
A lei foi promulgada em parlamento, com 207 votos a favor, 32 votos contra e 6 abstenções. A companhia argentina foi retirada à Repsol, que detinha 57,43%, e considerada como de interesse público nacional.
A YPF sempre foi um símbolo da soberania nacional, tal como as Malvinas (ou Falkland Islands) e a sua reaproriação  por parte do Estado foi amplamente elogiada no país. Os deputados foram aplaudidos por membros de organizações de direitos humanos, como as Mães e Avós de Praça de Maio, ou de outros grupos, como La Cámpora da juventude kirchneriana, que exibiam com orgulho distintivos com o antigo logótipo da petrolífera, na época em que ainda era estatal. O bom filho à casa torna...
Eu não sou economista para avaliar se esta aquisição será ou não boa para o país, no que diz respeito ao investimento estrangeiro. A Espanha da Repsol é, como se adivinha, o maior investidor externo na Argentina e esta manobra governamental poderá não ser vista com bons olhos para as restantes empresas espanholas que investem no país. Cristina Kirchner está debaixo de fogo, com revistas como "The Economist" a acusarem-na de encher os bolsos com dinheiro dos argentinos e de ter uma ganância incomparável. Chamam-lhe até a "kitty Christina"... Mas que grande falta de "sense of perspective", diria eu. 
Considero que por agora os verdadeiros vencedores são mesmo o povo argentino e uma personagem que bem representa esta luta pela verdadeira soberania nacional: Pino Solanas. Este realizador de cinema argentino, hoje deputado nacional pela cidade de Buenos Aires, sempre foi um grande crítico da presença de empresas estrangeiras no país. Para Solanas, a globalização e o livre comércio colocaram o país na bancarrota, retirando direitos sociais básicos à população, e expondo-a à pobreza extrema e à fome, que matou milhares. Verdadeiros crimes contra a humanidade em tempos de paz.
Para quem já se esqueceu da grave crise que assolou o  país há uns anos atrás, a Argentina passou em muito pouco tempo de símbolo de prosperidade a um símbolo de dívida e de dependência, devido à corrupção entre o poder político e o poder financeiro e ao expólio dos bens públicos nacionais. Foi nesta conjuntura que grande parte das empresas nacionais foram privatizadas e adquiridas por grandes multinacionais. Caso da venda YPF em 1999 à Repsol no governo de Melem, fortemente criticada por Pino Solanas. E justamente por esta sua visão crítica ao que se passava no seu país e aos olhos de todos, o realizador chegou a ser baleado 6 vezes nas pernas por um grupo simpatizante do governo em funções.

O seu filme, "Memoria del Saqueo" que coloco abaixo, de 2003, é a sua forma de contribuir ao debate de que a globalização levada a cabo é totalmente desumanizada e de que um outro mundo é possível. 
Vale bem a pena.
Afinal quem saqueou quem?
Gain some perspective!  

sábado, 5 de maio de 2012

Japan - NO NUKE!

A partir de hoje, o Japão, a terceira maior economia mundial, desactivou o seu último reactor nuclear, o único que  ainda se encontrava em funcionamento, desde o acidente nuclear de Fukushima, a 11 de Março de 2011.
Apesar de tudo, não é ainda certo que esta desactivação seja de facto permanente, uma vez que o Japão tem vindo a desactivar todos os seus 54 reactores desde o acidente. Os que compunham a central de Fukushima encerraram definitivamente logo após a catástrofe da central nuclear de Fukushima, a maior desde o acidente nuclear de Chernobil. Os restantes encontravam-se já parados para manutenção ou para testes de segurança e aguardando autorização local para reiniciarem a produção.

Hoje o Japão não tem nenhum reactor a funcionar. E celebra-o nas ruas! Este é o primeiro dia sem energia nuclear desde há 42 anos.
Desde Fukushima a política energética do país mudou. Mudou a confiança das pessoas neste tipo de energia. Cresceu o medo. Aumentou a vontade de mudança e a procura de alternativas.
O Japão enfrenta hoje um difícil dilema: o de compensar os 30% de consumo energético que era assegurado pela energia nuclear. A alternativa será importar energia (petróleo ou gás) ou explorar novas fontes de energia no país.
Porém, a pressão para reactivar as suas centrais nucleares virá também de fora, das outras grandes economias mundiais. E o governo japonês poderá bem ceder, devido às necessidades energéticas do país e para evitar uma grave crise energética.

E o momento escolhido para assinalar esta mudança é o mais desafiante possível, pois o consumo energético aumenta fortemente no Verão, com o uso de aparelhos de ar condicionado.
Porém, tanto o governo como a população estão seriamente empenhados: foi lançada antecipamente a iniciativa de Verão Super Cool Biz, que permite aos funcionários públicos e colaboradores de empresas privadas trabalharem sem gravatas e arregaçar as mangas. Uma iniciativa criada no Verão de 2011, após o acidente de Fukushima. Promove-se ainda fortemente a poupança energética junto da população e das empresas.
E a população não irá permitir facilmente o regresso ao nuclear.
NO NUKE FOR JAPAN!


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ilustrar para reflectir e criticar

Já conheces o ilustrador polaco Pawel Kuczynski? Se não, nem sabes o que perdes. As suas obras estão cheias de sátira e vão directo ao âmago das contradições do mundo em que vivemos, fazendo uma acutilante e assertiva crítica política, social e económica. É absolutamente brilhante...


Apple

... ou como enquanto uns se dão ao luxo de brincar com a comida, 
outros só pensam em colocar um pouco dela à boca.

 



Christmas

... ou como o Pai Natal agora vem da China. 
E não é só um, mas milhões.




Hunting

... ou como o homem deixou de caçar e critica esta prática 
para ir ao supermercado comprar carne.




Money

... ou como o dinheiro está manchado pelas guerras que financia. 




Olive tree

... ou como a produção agrícola está mecanizada.




Peace

... ou como a paz é um instrumento, tal como a guerra.




Speech

... ou como os discursos dos políticos não têm resultados nenhuns.




Strike

... ou como os ricos continuam impávidos e serenos, 
enquanto os menos favorecidos protestam por melhores condições.




Tourism

... ou como o turismo actual em massa destrói a paisagem e a cultura locais.




Water economy

... ou as desigualdades na distribuição e no acesso à água no mundo.


E tu? Que achas disto tudo?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pingo amargo ou a memória curta do consumidor português

Tudo começou no dia 1 de janeiro, aquando do aumento do IVA. O Pingo Doce lançou a campanha com o lema "No Pingo Doce o aumento do IVA é zero." Afirmava-se taxativamente: "Por esta porta o aumento do IVA não entra. No Pingo Doce o aumento do IVA é zero. Zero. E os nossos preços vão continuar exactamente como estavam. Sempre baixos. Na loja toda. O ano inteiro. Este é o nosso compromisso."
A campanha gerou bastante polémica, uma vez que todos o IVA é um imposto obrigatório a todos os distribuidores. E, como os outros grandes hipermercados, também o Pingo Doce estaria sujeito a esta tributação. O ICAP (Instituto Civil de Autodisciplina da Comunicação Comercial ) acabou por considerar a campanha como publicidade enganosa. A cadeia de hipermercados sugeria que não pagaria IVA, o que não era verdade.  A verdade é que no Pingo Doce o aumento do IVA não acarretaria aumento de preços, uma vez que o Pingo Doce manteria os preços de 2010, ao diminuir os preços dos produtos antes de aplicado o IVA. O que é totalmente diferente.

Mas o consumidor português agradeceu.


De súbito, a empresa anunciou que iria transferir a sua sede social para outro país.  A Jerónimo Martins, detentora do Pingo Doce, prepara a sua entrada na Colômbia e os accionistas do grupo querem estar sedeados em mercados que não obrigam à dupla tributação. Daí a deslocalização para a Holanda, que terá mais valias de 1 milhão de euros, não sujeitas a tributação.

E o consumidor português enfureceu-se.
 
 
Criticou, insultou e boicotou a cadeia, utilizando as redes sociais como forma de divulgação.
Até o deputado do CDS, João Almeida dizia no Parlamento que era legítimo o boicote ao Pingo Doce. O grande público pedia o salário mínimo  holandês para os colaboradores da cadeia de hipermercados em Portugal.
E no passado dia 1 de Maio, dia do Trabalhador, o Pingo Doce lançou uma campanha em que oferecia 50% de desconto em compras superiores a 100 euros.
 
 
E o consumidor português enlouqueceu.
 
 
Muitos milhares de portugueses em todo o país trocaram as celebrações do 1.º de Maio pelas filas do supermercado, esquecendo a série de cortes que têm sido praticados pelo Governo. A campanha, que nem sequer teve publicidade, provocou uma verdadeira corrida às 369 lojas espalhadas pelo país. Houve relatos de pessoas na fila para entrar no supermercado desde as 4 da manhã e de agressões decorrentes da disputa por produtos foram frequentes nos órgãos de comunicação social ao longo de todo o dia. Todo o protagonismo ao Dia do Trabalhador passou para o Consumo.
Mas esta iniciativa do grupo Jerónimo Martins está a gerar controvérsia e poderá mesmo ter decorrido fora da legalidade. A ASAE está já a investigar eventuais indícios de prática criminal na campanha do Pingo Doce, para determinar se a cadeia vendeu produtos abaixo do preço de custo. A prática, denominada como dumping, é um cenário admitido pelo Ministério da Economia.

E o consumidor português não se importou.