terça-feira, 29 de maio de 2012

A Europa e os biocombustíveis - erro de cálculo

Tudo começou quando a União Europeia decidiu assumir o compromisso na sua política de transportes de aumentar a proveniência de energia de fontes renováveis. Este compromisso, assente na crença de que a revolução tecnológica multiplicaria rapidamente os veículos movidos a energia eólica e solar, teve de ser repensado e redireccionado para o recurso aos biocombustíveis, por forma a conseguir cumprir os objetivos inicialmente propostos.
Mas, na verdade, o que se multiplica agora são as críticas, tanto da comunidade científica, como das ONG's, que acusam o recurso aos biocombustíveis de ser o responsável pelo aumento dos preços mundiais dos produtos alimentares. Além do impacto negativo na biodiversidade, pela exploração exaustiva das terras e o recurso a pesticidas e adubos artificiais.
O propósito da política europeia era de que os biocombustíveis reduzissem em 35% as emissões de gases com efeitos de estufa. E a plantação da matéria prima para a produção de biocombustíveis em terreno europeu, tal como é legislada actualmente, fez com que reduzissemos as nossas emissões, é certo.
Errado é que a produção de óleos alimentares em terreno europeu, e que anteriormente satisfazia as nossas necessidades, tenha sido deslocalizada. Ou seja, agora temos de importar óleos vegetais de enormes plantações na Malásia e da Indonésia, destruindo florestas virgens e zonas pantanosas. A isto se chama o uso indirecto da terra. Ou seja, todas as emissões indirectas provenientes desta mudança de origem dos óleos alimentares que consumimos, têm um enormíssimo impacto negativo no ambiente. Muito, mas muito superior ao uso do petróleo tradicional. E esta, hein?
Além de que a necessidade de biocombustível e, consequentemente, de óleos alimentares por parte dos países mais desenvolvidos tem graves impactos na segurança alimentar mundial, como já foi referido acima, pelo aumento dos preços.
A Comissão Europeia está a analisar este assunto e neste Verão será apresentada uma proposta no sentido de incluir as emissões indirectas na legislação.
Os biocombustíveis são mais uma prova de como é difícil encontrar uma saída para a crise ambiental que vivemos.






 

1 comentário:

  1. É como os primeiros anos de energias renováveis na China. Eles construíram inúmeras fábricas para produzir maquinaria que aproveitasse a energia da natureza para produzir energia (turbinas para as ventoínhas eólicas, etc...). Contudo, a produção dessas peças consumia, ela própria, muita energia proveniente do carvão. Resultado: Com a elevada procura, produziram tantas peças de maquinaria, com processos com tanto impacto ambiental, que algumas 'vozes' mais contestatárias alegavam que o impacto ambiental positivo da energia que iria ser fabricada por aqueles produtos, nunca compensaria o impacto negativo da produção dos mesmos...
    Ainda assim, no que toca a dados referentes a algo na China, esqueçam certezas. Alguém dizia: as estatísticas na China são como as salsichas...nunca se sabe ao certo o que está lá dentro.

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