domingo, 22 de abril de 2012

Vetos e armas... trocas e baldrocas




Muito se tem falado do veto da Rússia à resolução das Nações Unidas para o fim da violência na Síria. Juntamente com a China, não votou contra uma acção militar nem contra o estabelecimento de sanções económicas, mas simplesmente contra a exigência do fim do massacre à população civil. Simplesmente contra  o fim da chacina! A comunidade internacional indignou-se, exaltou-se e revoltou-se, tal como tu estás (ou deverias estar) a fazer. Mas afinal, o que levou estes dois gigantes a votarem contra a paz naquele país?
Ora tanto a Rússia como a China têm no seu seio problemas relacionados com a subjugação de minorias étnicas e povos inteiros. O seu voto a favor da população civil e contra o regime de Bashar al-Assad poderia ser utilizado depois contra as duas potências, para a adopção de medidas semelhantes que protegessem a Tchetchénia ou o Tibete.
E é quase surpreendente que quem mais se indignou perante esta tomada de decisão foi nada mais nada menos que Israel, o país que mais resoluções das Nações Unidas violou e que recorre inúmeras vezes ao veto dos EUA para travar qualquer resolução que seja contrária aos seus interesses. Um país construído num  território ocupado e oferecido como recompensa aos judeus americanos, segundo o acordo feito em 1917 entre a rainha de Inglaterra e o Lord Rothchild para conseguir ajuda americana na vitória sobre o império otomano (Declaração de Balfour). 

E aqui entra o tema de hoje, o comércio e a venda de armas entre países. Neste mundo ao contrário, como dizia Eduardo Galeano, é revoltante que "los países que custodian la paz universal son los que más armas fabrican y los que más armas venden a los demás países". 
Neste caso,  a Rússia é o maior fornecedor de armas ao regime de Assad, na Síria, tal como os EUA o são de Israel. No primeiro caso, o regime massacra o seu próprio povo, enquanto no segundo, ocupam há quase 50 anos o território de um outro povo. Alguém terá aqui moral para criticar ou ficar indignado com a atitude do outro país perante a Assembleia das Nações Unidas?
No início de 2012, a Rússia acabou com a venda de armamento mais pesado à Síria, não por livre e espontânea vontade, mas por ter sido interceptado junto à costa do Chipre um navio carregado de armas que se dirigia para a Síria. Única e exclusivamente por pressão internacional, e não por ideais humanistas...
Ora o mercado internacional de armas não é regulado. Segundo a Amnistia Internacional, existe mais legislação sobre o comércio de bananas do que sobre o armamento.
Em Julho de 2012, a Assembleia das Nações Unidas vai decidir sobre a adopção de um tratado internacional de comércio de armas. A Amnistia Internacional não deixou passar esta oportunidade para criar uma campanha incrível (como é já habitual) sobre o comércio internacional de armas. A ideia é que se regularize e se proíba a venda de armas a países que violam direitos humanos. 
De que servirá no fundo? Será que as ditaduras do Médio Oriente deixarão de poder comprar armas? Será que Israel terá de se orientar com o que já tem para continuar a ocupar Gaza e outros territórios palestinianos? 
O importante aqui é demonstrares qual a tua posição sobre este tema. Demonstrares que acreditas que seria possível uma outra realidade. Demonstrares que isto não é justo.



Arms trade info graphic


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