segunda-feira, 23 de abril de 2012

Islândia e o ponto final na crise

Terminou hoje o julgamento de Geir Haarde, antigo primeiro-ministro da Islândia, que liderava o país aquando do colapso dos bancos em 2008, como consequência da crise financeira global. Mr. Haarde é o único governante no mundo a ser julgado por negligência no seu desempenho como primeiro-ministro de um país no contexto da crise mundial. Isto é possível porque a Islândia criou em 1905 o Landsdómur, um tribunal com competências para julgar criminalmente ex-governantes que tenham actuado contra o bem do país. Em 107 anos de existência, este é o primeiro caso a ser julgado.
A Islândia foi em 2008 palco do maior colapso bancário da história mundial, tendo em conta a sua dimensão. Após uma década de boom económico, em que o sector bancário multiplicou por 9 o valor do PIB, a Islândia crashou com a falência dos três maiores bancos numa mesma semana, e viu a sua dívida externa ultrapassar em 80% o valor dos bancos.
Mas será este julgamento a melhor forma de encontrar os verdadeiros responsáveis pelo que se passou naquele país? Será Geir Haarde o verdadeiro culpado da crise na Islândia? Então e David Oddsson, primeiro-ministro de 1991 a 2004 e governador do Banco Central de 2005 a 2009? Não terá igualmente responsabilidade neste assunto? Mr. Oddsson não enfrenta qualquer tipo de acusação, a não ser a má língua do domínio público. Não seria mais importante fazer o seguimento e avaliação das políticas públicas, bem como dos processos de tomada de decisão?
Mr. Haarde foi declarado culpado de negligência pelo Landsdómur, mas não cumprirá pena de prisão. Poderá este ser um ponto final em todo este difícil processo? 
A Islândia ultrapassou a sua crise de forma exemplar. Em 2009, criou uma nova constituição com base em assembleias populares, estabelencendo como pilares a protecção da natureza e dos seus recursos naturais, bem como dos direitos das gerações futuras. O povo islandês rejeitou num referendo em 2011 o resgate dos bancos e o pagamento da dívida externa.  Actualmente, a Islândia aprensenta uma taxa de crescimento anual de 2,5%, superior à média da União Europeia.

Parabéns à Islândia! E que tudo isto sirva de exemplo para os demais países.

Abaixo um vídeo do prof. Joseph Stiglitz, economista e vencedor do Nobel em 2001, com as lições a retirar de todo este processo.

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