Provavelmente nunca ouviste falar sobre a Mina de São Domingos.
Provavelmente não tens ideia da importância que teve em tempos.
E provavelmente não imaginas no que se tornou hoje em dia.
A história da Mina de São Domingos conta com séculos de exploração, que remontam a antes do Império Romano. Por volta de 1857, a companhia inglesa Mason & Barry obteve uma concessão de exploração e iniciou mais de um século de extracção de milhões de toneladas de minério. Em 1966, a Mina fecha as suas portas, por esgotamento de recursos. Hoje em dia permanece abandonada, uma paisagem erma pautada de ruínas das antigas oficinas, escritórios, estações e fundições, e de lagoas de águas ácidas cor de sangue.
Ao chegarem à Mina de São Domingos, os ingleses trouxeram consigo uma forte marca do império britânico. Construiram nos arredores dos terrenos da Mina um caminho-de-ferro e uma aldeia operária que abrigava todos os trabalhadores, agrupados em bairros consoante as suas funções. Na “zona inglesa” construiram-se palacetes, espaços de lazer, e até um cemitério só para ingleses onde os mortos eram enterrados em solo trazido de Inglaterra... Ao longo dos anos os ingleses estenderam o seu domínio. Os engenheiros vinham de várias partes do mundo. Os operários, mineiros, mecânicos e outros funcionários vinham de todo o resto do Alentejo, do Algarve, das Beiras, de Espanha, e arriscavam a vida diariamente.
Hoje em dia ainda podemos ainda encontrar alguns destes mineiros reformados, que recordam vivamente as dificuldades daquele tempo, e do trabalho na Mina. A relação com os ingleses era difícil, e subserviente. Os mineiros passavam dias ao sol nas secções de lavra a céu aberto, e sempre que desciam abaixo da terra não faziam conta de voltar vivos, sempre atentos aos guinchos dos ratos que pudessem indicar um desabamento. Muitos perderam a vida por falta de condições de segurança e de trabalho. Os minérios eram extraídos e processados na Mina para serem depois transportados através de um caminho-de-ferro até ao Pomarão. Daí seguiam para Vila Real de Sto. António e depois para Liverpool.
A pequena aldeia, pelas suas vicissitudes e cicatrizes, desenvolveu-se numa espécie de “ecossistema social” com uma mentalidade e forma de ver a vida única, e completamente distinta de todo o resto do Alentejo. Aqui o saber popular é antigo, e olha a Mina como uma entidade, sempre com respeito e temor. São Domingos parece constantemente um local à parte do mundo.
Ao chegarem à Mina de São Domingos, os ingleses trouxeram consigo uma forte marca do império britânico. Construiram nos arredores dos terrenos da Mina um caminho-de-ferro e uma aldeia operária que abrigava todos os trabalhadores, agrupados em bairros consoante as suas funções. Na “zona inglesa” construiram-se palacetes, espaços de lazer, e até um cemitério só para ingleses onde os mortos eram enterrados em solo trazido de Inglaterra... Ao longo dos anos os ingleses estenderam o seu domínio. Os engenheiros vinham de várias partes do mundo. Os operários, mineiros, mecânicos e outros funcionários vinham de todo o resto do Alentejo, do Algarve, das Beiras, de Espanha, e arriscavam a vida diariamente.
Hoje em dia ainda podemos ainda encontrar alguns destes mineiros reformados, que recordam vivamente as dificuldades daquele tempo, e do trabalho na Mina. A relação com os ingleses era difícil, e subserviente. Os mineiros passavam dias ao sol nas secções de lavra a céu aberto, e sempre que desciam abaixo da terra não faziam conta de voltar vivos, sempre atentos aos guinchos dos ratos que pudessem indicar um desabamento. Muitos perderam a vida por falta de condições de segurança e de trabalho. Os minérios eram extraídos e processados na Mina para serem depois transportados através de um caminho-de-ferro até ao Pomarão. Daí seguiam para Vila Real de Sto. António e depois para Liverpool.
A pequena aldeia, pelas suas vicissitudes e cicatrizes, desenvolveu-se numa espécie de “ecossistema social” com uma mentalidade e forma de ver a vida única, e completamente distinta de todo o resto do Alentejo. Aqui o saber popular é antigo, e olha a Mina como uma entidade, sempre com respeito e temor. São Domingos parece constantemente um local à parte do mundo.
O filme tem duas partes distintas, sendo que a primeira contextualiza a mina sem mostrar imagens desta. O imaginário constrói-se a partir das palavras e descrições dos mineiros, e das construções inglesas na vila. Na segunda parte tomamos contacto visual com a mina, ouvindo a expressão do seu lamento através da poesia.
"Mina de São Domingos" é um documentário produzido e realizado por João Abecasis Fernandes.
E vale a pena conhecê-la.
Mina de São Domingos (trailer) from João Abecasis Fernandes on Vimeo.
Excelente documentário
ResponderEliminare uma desoladora evidência da insustentabilidade a nível social, económico e ambiental
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